A navegação neste trecho da hidrovia exige a transposição de
cinco eclusas e nove pontes. Estas transposições são realizadas com
desmembramento do comboio para permitir a passagem do mesmo. As dimensões das
eclusas são os limitadores das dimensões do empurrador e das balsas.
Atualmente os comboios tradicionais (padrão Tietê) que operam
neste trecho são compostos por um empurrador de no máximo 20 metros de
comprimento com propulsão convencional com duas linhas de eixo e quatro balsas
de 60 metros de comprimento em uma composição 2x2. Ao passar pelas
eclusas e pontes, o empurrador leva duas balsas, e então retorna para buscar as
balsas remanescentes, respeitando as dimensões das eclusas e regulamentos da
hidrovia de comprimento máximo de 140 metros e boca de 11 metros.
O novo conceito de comboio projetado deverá ser do tipo 2x4
(duas colunas de quatro balsas), nas quais as balsas de proa serão auto
propelidas e com 80m de comprimento e 11m de boca, enquanto todas as outras
serão do padrão Tietê [2], com 60m de comprimento e 11m de boca. Empurradas por
uma embarcação de no máximo 20m de comprimento, este arranjo permitirá que um
grande comboio seja formado, criando ganho em escala, mas ao mesmo tempo
flexível o bastante para transpor obras de arte ao longo da hidrovia, como
eclusas e pontes.
A concepção de transmissão do empurrador é um fator
determinante também para a propulsão, implicando diretamente em diversas áreas
do empurrador. A concepção de transmissão mecânica, hidráulica e diesel
elétrica foram consideradas. A primeira por ser mais tradicional e de menor
custo parece ser a solução óbvia, entretanto não tem flexibilidade em relação
ao posicionamento dos motores principais e não oferece redundância, ou seja, no
caso de pane de um dos motores, um dos propulsores será imediatamente
inutilizado. A transmissão hidráulica tem aplicação extensa nas hidrovias
norte-americanas por ser muito simples, flexibilizando o arranjo da PM, e permitindo
uma resposta muito rápida ao comando. Entretanto o alto nível de ruídos e a
baixa eficiência do sistema, com grandes perdas tornam essa solução não
aplicável ao problema proposto. Foi então selecionado o conceito de transmissão
diesel elétrica como base para o desenvolvimento do projeto do sistema
propulsivo, pois apesar de onerar em equipamentos mais caros, é permitido posicionamento
livre do grupo gerador, disponibilizando maior espaço no arranjo da mesma, além
de possibilitar redundância (ambos propulsores funcionando mesmo em caso de
pane de um motor, apesar de ser em meia carga) e redução de consumo de
combustível por operação do grupo gerador em regime constante.
“A utilização de
balsas padrão Tietê permitirá a aquisição de balsas já disponíveis na hidrovia,
assim como uma maior padronização da frota. Já a criação das balsas auto
propelidas de 80m tem como objetivo permitir que as eclusagens fossem
realizadas em tempo reduzido, ao tornar desnecessário o apoio de empurrador
para manobrá-las pelas eclusas, o que resulta também em ganho de espaço de
carga. A sua propulsão além de auxiliar na manobra em eclusagens, permitirá
também auxilio em trechos de curvaturas acentuadas, situações de emergência e
manobras de passagens por pontes, aumentando a manobrabilidade do comboio e
reduzindo chances de acidentes.”
Autor: Rodolfo Mañes
Pesquisa:
http://www.oceanica.ufrj.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário !